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CPI da Pandemia inaugura trabalhos dizendo: ‘Há culpados’

Até Renan Calheiros resolveu defender a tese de que Bolsonaro é um genocida. Até o final de maio, lançaremos livro demonstrando por quê. E não é apenas por causa da pandemia.

A CPI da Pandemia começou a ouvir na terça-feira, 4 de maio de 2021, quando o país soma 410 mil mortos pela covid-19, os depoimentos de ex-ministros da Saúde. No discurso de abertura da investigação, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), escolhido como relator da comissão, falou por vinte minutos sobre como há responsáveis e culpados “por ação, omissão, desídia ou incompetência”, e declarou que “crimes contra humanidade não prescrevem jamais e são transnacionais”.

Mesmo saindo da boca que um dos maiores representantes da falência das instituições e da política tradicional, um baluarte do conservadorismo e do fisiologismo do Congresso Nacional, alguns trechos do discurso representam de alguma maneira um grito entalado na garganta dos muitos brasileiros que assistem revoltados e estupefatos ao projeto de genocídio perpetrado por Jair Bolsonaro.

Vejam bem: não estamos aqui demonstrando nenhum apreço a Renan Calheiros. Recebesse polpudas emendas parlamentares ou, quem sabe, um ministério importante, o cacique emedebista certamente fecharia a boca. Mas, como resolveu falar, queremos pontuar que a motivação genocida de Bolsonaro é tão evidente que até arautos do coronelismo brasileiro estão erguendo a voz contra as criminosas barbaridades do Planalto.

Aqui um resumo do discurso:

“O resultado fala por si só: no pior dia da covid, em apenas quatro horas o número de brasileiros mortos foi igual ao de todos [os brasileiros] que tombaram nos campos de batalha da Segunda Guerra Mundial. O que teria acontecido se tivéssemos enviado um infectologista para comandar nossas tropas? Provavelmente um morticínio. Porque guerras se enfrentam com especialistas, sejam elas guerras bélicas ou guerras sanitárias. A diretriz é clara: militares nos quartéis e médicos na Saúde. Quando se inverte, a morte é certa. E foi isso que lamentavelmente parece ter acontecido. Temos que explicar como, por que isso ocorreu.”

“Entre a ciência e a crença, fico com a ciência; entre a vida e a morte, a vida eternamente; entre o conhecimento e obscurantismo, óbvio, escolho o primeiro; entre a luz e as trevas, a luminosidade; entre a civilização e a barbárie, fico com a civilidade; e entre a verdade e a mentira, lógico que a verdade sempre. [Tá, vamos fingir que acreditamos em sua predileção pela verdade, Renan.] São escolhas simples que opõem o bem ao mal e creio que todos nessa comissão convergem com relação a este sentimento. Nossa cruzada será contra a agenda da morte. Contrapor o caos social, a fome, o descalabro institucional, o morticínio, a ruína econômica e o negacionismo não é uma predileção ideológica ou filosófica, é uma obrigação democrática, moral e humana. Os inimigos dessa relatoria são a pandemia e aqueles que, por ação, omissão, incompetência, desídia ou malversação, se aliaram ao vírus e colaboraram de uma forma ou de outra com esse morticínio.”

“Não foi o acaso ou flagelo divino que nos trouxe a este quadro. Há responsáveis, evidentemente. Há culpados, por ação, omissão, desídia ou incompetência. E eles, em se comprovando, serão responsabilizados. Essa será a resposta para nos conectarmos com o planeta. Os crimes contra humanidade não prescrevem jamais e são transnacionais. [Slobodan] Milosevic e Augusto Pinochet são exemplos da História. Façamos a nossa parte. […] Quem fez e faz o certo não pode ser equiparado a quem errou. O erro não é atenuante, é a própria tradução da morte. O país tem o direito de saber quem contribuiu para as milhares de mortes e eles devem ser punidos imediatamente e emblematicamente.”

Aproveitamos as palavras do presidente da CPI da Pandemia para lembrar de nosso livro em pré-venda:

Bolsonaro genocida compila pesquisas que demonstram a ação do governo Jair Bolsonaro no sentido de potencializar [i] o desrespeito aos direitos indígenas e à preservação do meio ambiente (o que coloca em risco a sobrevivência cultural e material dos povos tradicionais brasileiros) e [ii] a proliferação do coronavírus no país (o que contribuiu para o aumento de casos de covid-19, com o consequente colapso do sistema de saúde e crescimento no número de mortes). Confira a pré-venda a preço de custo.

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