Relações abertas podem ser difíceis, mas recompensadoras

Em artigo de 2012 no jornal The New York Times, autoras de Ética do amor livre colocam questões sobre os padrões dos relacionamentos em nossas sociedades e argumentam: “monogamia não é uma escolha quando você está proibido de optar por qualquer outro caminho”

Por Dossie Easton & Janet W. Hardy
Tradução Christiane M. T. Kokubo

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Casamentos abertos podem funcionar e já deram certo para milhares de casais ao longo de décadas, se não séculos. No entanto, para manter um casamento aberto, há muito mais coisas envolvidas do que simplesmente a vontade de ter um relacionamento desse tipo. Tais relações requerem compromisso contínuo com a comunicação e apoio mútuo, e quase certamente envolverão alguma jornada pelos vulneráveis territórios de ciúme, insegurança e raiva — mas existe casamento que não passe por eles?

Abrir um relacionamento que tenha começado monogâmico deve ser negociado antes que a abertura ocorra. Os poliamorosos consideram deselegante apresentar o cônjuge ao amante até então secreto com um empolgado: “Querido, acho que devemos abrir nosso relacionamento!”. Visto que uma traição já ocorreu, muitos — talvez a maioria — dos casamentos não sobreviverá a tal revelação. Reverter a situação e conquistar um relacionamento aberto saudável requer percorrer um caminho intenso e doloroso. No entanto, muitos casais sobrevivem e obtêm mais satisfação, crescimento e proximidade após terem passado pelo processo.

A ética de qualquer comportamento sexual depende dos valores, costumes e cultura da comunidade em que está inserido. Pessoas de mente mais aberta ao sexo e cientes do poliamor como uma opção lidam mais facilmente do que quem acredita que a simples vontade de ter um relacionamento aberto demonstra que seu cônjuge já não as ama mais.

Muito sofrimento poderia ser evitado se, durante a fase de namoro, os casais discutissem a monogamia como uma opção, em vez de assumi-la como padrão — assim como conversam sobre ter ou não filhos, seguir uma ou duas profissões, ou qualquer outra questão importante que requer uma decisão antes de se prosseguir com o possível compromisso de longo prazo. Como dizemos no livro Ética do amor livre, “monogamia não é uma escolha quando você está proibido de optar por qualquer outro caminho”.

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Publicado originalmente em The New York Times, 20 jan. 2012.

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Ilustração Ariádine Menezes

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